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5/03/2005 

Montemor

A 100 e picos kms de Lisboa tive um pesadelo daqueles que parece que só acontecem aos outros. Um fulano andava atrás de mim para me matar com uma chave de fendas enorme na mão. Um homem de meia-idade, um pouco gordito, de óculos e com uma convicção absurdamente calma e de ódio profundo. A mente é realmente fodida porque o andar calmo e os olhos penetratantes do Homem correspondem 100% com a forma que eu escolheria para matar alguém que odiasse... Teria o mesmo tipo de atitude, aquela do "podes ir fugindo mas quando te apanhar espeto-te esta merda no peito com tanta força que hei-de ver-te engasgar no próprio sangue". E era isso que me assustava, o não saber quando o gajo ia aparecer, de onde ia aparecer e pior ainda: que não hesitava pois não tinha nada a perder. O cabrão do mercenário agia como se aquilo fosse a única coisa a fazer na vida.
O interessante foi essa sensação de empurrar-me a mim mesmo contra a parede, como se estivesse a pedir que algumas merdas fossem resolvidas de uma vez por todas. E a minha postura era sempre: "se este gajo vem na minha direcção deixa-o vir, que vou fazê-lo mudar de ideias". Mas era mentira... Por muito que agarra-se a chave de fendas com força ou o empurra-se para trás, ele continuava a caminhar ao bom género robótico do T2.
Quem diria, eu a sentir-me com "remorsos"... Nem sou Eu, é a puta do Inconsciente a querer apertar-me como se estivesse a suspirar "vá lá, resolve isso e deixa-me escapar cá para fora para nos divertirmos um pouco".
Às tantas, encontro-me a tomar um banho - aquela coisa deliciosa que leva o seu tempo e privacidade - e sinto a presença do Homem. Foda-se! Logo no local que tanto estimo, a casa-de-banho! Vai daquela, salto da banheira para cima dele com toda a força, como quem diz "desta vez ataco eu, para não ser atacado!".. E no meio daquela agitação e terror sou acordado pela minha mulher que estava deitada cara-a-cara comigo. Por momentos ainda sinto a respiração altiva e acelarada...

Neste mesmo fim-de-semana resolvi o problema do Homem. Entendi quem era o gajo. Um misto de avô não-presente e de pai de ex-namorada com sentirmento de encornado (ou melhor ainda, de responsa por ter de voltar a tomar conta da mesma).

Resolvi parcialmente a coisa. E a resposta é sempre a mesma: sinceridade.
Tenho de uma vez por todas de adoptar a sinceridade total comigo mesmo como um culto religioso convicto! Não irei ter medo de magoar ninguém pois se for sincero comigo serei sincero com os outros e estes irão compreender se me aceitarem. Se não aceitarem, though luck.

Memories come back to haunt you.

A geração é uma onda do mesmo mar
Com temperatura, escala e tempo diferente
Mas com a mesma composição
E persistentemente com a mesma natureza - o retorno!