2/22/2006 

Idades

Ontem estava na Fnac a ler um livro do Tim Burton com uma série de entrevistas ao realizador (daqueles Burton on Burton, Cronenberg on Cronenberg, etc.) e às tantas o gajo diz algo que faz perfect sense: que não existe diferença entre ser criança e ser adulto, isto é, que não deveriamos ter noções de adulto ou criança porque em ambos os estados estamos sempre a caminho do outro e que portanto é idiota e mediocre falar ou tratar as pessoas de forma diferente obstante da sua idade.
Não sei se já escrevi algo sobre este assunto mas é algo com o qual concordo a 100% não fosse eu um receptor da constante parábola "pensei que fosses mais velho".
De facto, porquê tratar os mais velhos que nem retardados e as crianças como imbecis? Porquê assumir que a juventude é mais inteligente quando na realidade é o estado mais "derivante" e desidentificativo-identificativo de todas as transmutações temporais que o bicho homem sofre?
É estúpido. É completamente estúpido tratarmo-nos por tu e você, e haver diferenciações mediante a idade e a classe social.
Somos todos areia do mesmo saco.
Chamamos idade aos pés em falso que metemos na lama, aos erros. E cada um escolhe a idade em que quer viver e na qual se quer enquadrar e ser tratado.

"We do not grow absolutely, chronologically. We grow sometimes in one dimension, and not in another; unevenly. We grow partially. We are relative. We are mature in one realm, childish in another. The past, present, and future mingle and pull us backward, forward, or fix us in the present. We are made up of layers, cells, constellations."
- Anais Nin

2/19/2006 

A Arte é o Antídoto para Qualquer Virus


















"A Arte é o Antídoto para Qualquer Virus" - NM '06
Desenvolvido para Concurso de Fotografia “Sida Vida – Esperança Viva” da Associação Abraço.

 

Montemor

 

24th Birthday
















"My curse is that I can see everybody else's point of view." - D. Cronenberg

2/03/2006 

Resumo de Janeiro

Ora vejamos.... Vai-se 1 mês desde o início do ano e como pretendo pôr em causa a minha sanidade com uma insensata e articulada metadologia de aproveitamento, sirvo-me deste blog como ponto de referência.

PROJECTOS (que é o que me tem ocupado mais tempo):
:: "50FacesGulbenkian" - está completo e apresentado à Gulbenkian. Aguarda-se por uma resposta após a avaliação do mesmo. Tenho ideias um pouco fixas em relação ao que pretendo, principalmente os paineis rotativos. (PDF para consulta aqui)

:: "Light Against Time" - acabei esta semana o projecto e a apresentação. O site encontra-se online em: nmdesign.org/lat
O comunicado de apresentação já seguiu para 70% dos locais que queria. Falta contactar outra grande parte, e depois fazer um reforço telefónico.

:: VIDEO
Penso que esta será a área mais produtiva este ano. Por diversas razões e motivações. A combinação de conceitos fortes embrenhados na minha pessoa torna-se um desafio à imaginação e simultaneamente uma forma de provocar / fazer pensar e acima de tudo querer ouvir feedback.
Tenho em vista o "Video do Desassossego" e mais umas peças experimentais que prefiro não revelar por falta de clareza. "Behind the Lens" vai acontecer e para bem breve.

:: WEB:
Acabei por fazer uma actualização no site da Pousada Bandeirantes do meu sogro - www.pousadabandeirantes.com.br - e nos entretantos fui forçado a fazer um revamp na imagem. Se tiver um tempinho pretendo aprimorar o site visto estar simplório qb.
Outro projecto em manga é o de um site para um restaurante (Cook&Eat) de um colega de trabalho, vamos ver se há vontade de ambas as partes para dar curso.

:: CINEMA
Muito!
Tentando sumarizar: Jacob's Ladder (revisão), Mercador de Veneza (so so), A Mulher de um Bom Advogado (average), Saw (interessante), Monty Phyton - The Meaning of Life (recomenda-se!), A Janela (e os restantes do Pêra... caralho pr'ó macaco!), Quills (yeah!), Corre Lola Corre (formidável edição!), Super Size Me (so so), Bowling for Columbine (quite good!), Terminal de Aeroporto (average), Mostra de Documentários ontem no Forum Lisboa (vimos um excelente sobre o Luiz Pacheco) , e Fantasporto à porta (ancioso pelo "Coisa Ruim")!
Para ver: Monstro, Oldboy, Secret Window e mais uns filmes manhosos que se têm escondido na gaveta. Trocas em vista!

:: TEATRO
Steak House, Laranja Mecânica (musical), Fausto Morreu... What else?!

:: MUSICA
God is an Astronaut (concerto, e uns projectos paralelos com os meninos irlandeses), Maria Rita... E planeiam-se uns contactos para breve.

De trabalho a coisa está meio amarga. O espírito está cansado e muito pouco atinado. Desinteresse mesmo. Se não me ponho a pau fico agarrado e bem agarrado.
De relações a coisa está num vai-e-vem estranho. Se por um lado procuro estar sozinho por outro exigo mais nesses momentos. CLAREZA procura-se.
Familia: nem vê-la.

Viagens: ?? where are they?

Casa: Yez please! E desespero! Para que possa criar de forma rápida como quem vai cagar!

E chega que este post mete nojo!

2/01/2006 

Ausência

Por vezes assusto-me por ficar tão ausente em algum lugar.
É que simplesmente sinto, do profundo do meu ser, que não tenho nada para dizer e que o momento em que me inseri está desfasado do nível emocional onde me encontro. Nem sei se é de facto uma questão de dimensões paralelas ou de puro disinteresse, a verdade é que também não me incomoda tentar entender qual é o motivo na altura. E mesmo agora, noutro tempo e espaço, quando penso nisto, é-me tudo tão naturalmente metafísico que assusta. Como se o motivo real da minha presença num determinado lugar fosse a não-presença. E se de facto o é, como posso compreender a forma como essa não-presença funciona e quais os resultados da mesma? Será que vale sequer o esforço dessa compreensão?

Para ser honesto, a mim não me incomoda ser um lençol fino por entre o qual as palavras voam e desvanecem em pouco menos de um minuto. O que me preocupa é quem me acompanha e quem está a falar de si para a minha pessoa. É como que instantaneamente um mecanismo se liga em mim e saio fora do corpo para não ser, nem ter, nem ouvir, e passar simplesmente a estar... Trata-se de uma ausência reflectida e sentida, mas com a qual não combato pois assemelha-se a um estado de meditação em que nada corre e nada entra. Tudo circula, mas num circuito fechado e interno, onde as luzinhas acedem mas não existe resposta.

Já me disseram que a simples presença já conta, mas não me conformo com essas palavras que soam a piedade inútil e que só demonstram compaixão pelo incompreendido.