10/27/2006 

Cabelo

E assim foi, ontem deixei cerca de meio-metro de cabelo no chão de um salão em São Sebastião - Lisboa.
O mais engraçado foi que toda a gente fez a mesma pergunta: "guardaste o cabelo?, o que fizeste com o cabelo?"
Como assim, guardei o cabelo? Era suposto ter guardado algo que acabei de excluir de mim mesmo? Não entendi aquela pergunta. O agora é AGORA, não é ontem ou à bocado. Por acaso alguém guarda animais de estimação mortos na gaveta? Ou mandam empalhar os poddles da avó?

O choque foi maior para as pessoas ao meu redor - familia, trabalho, whoever - do que para mim mesmo. Isto porque o cabelo/aparência tem um grande impacto na forma como me vêem. Ou melhor, na imagem que projectam em mim e que pensam ser o que sou. O dificil é isto mesmo - conseguir ver a pessoa pelo pacote inteiro e não por aquilo que nos convém ver, ou apenas à superficie. Daí também foi um teste comigo mesmo, porque se as pessoas me aceitam como sou aceitam-me com todas as cláusulas que contenho e estas podem ir desda a aparência a uma doença contagiosa, se tal fosse o caso.
O que tento explicar é que habitualmente associam a minha pessoa ao factor cabelo comprido e o que fiz foi cortar essa associação e desorientar essas pessoas, logo agora "onde guardaste o cabelo? o que fizeste ao cabelo? és maluco?"
Como vão criar uma referência minha se a destrui?

Para mim ter o cabelo que tinha era banal. Era algo meu e que fazia parte de mim mesmo, para o bem e para o mal. Nem sequer via o cabelo como estando assim *tão* grande. Não tinha noção tá claro, mas para mim "muito comprido" seria ter de o tirar da frente quando fosse cagar, e apesar de estar próximo ainda não era factor impeditivo.
Não vou também argumentar que me incomodava ou dava trabalho ou outra treta qualquer porque seria mentira e o único factor que me levou a cortá-lo foi pura e simplesmente necessidade de o "tirar do caminho" e fazer um update tal como tenho feito interiormente. E a verdade é que ao olhar-me ao espelho e continuar a ver a mesma pessoa que via há 6 anos atrás não ajuda muito a avançar por motivos variados. E criei involuntariamente vários becos-sem-saída sem me aperceber devido ao cabelo. Andei, por exemplo, 3 anos seguidos a ir trabalhar 9h por dia com o cabelo apanhado até um belo dia que me esqueci do elástico em casa e assumi a trunfa solta em frente de colegas e chefes. É um preconceito que eu acabei por impor sobre mim mesmo apelidando de "profissionalismo" quando não passava de uma tentativa forçada de esconder um pouco de mim e não há nada que se deva esconder.
Acima de tudo, não sou um gajo muito revolucionário de atitude, mas no que diz respeito a mim mesmo fisicamente e à minha forma de expressão é algo em que a LIBERDADE é factor crucial e de facto mexe comigo. A nível social, político, moral, religioso, whatnot, fuck it, mas no que me toca a mim mesmo, I can only speak for myself and I'm pretty aggressive.

10/26/2006 

Gap

Devo admitir que ainda estranho as mudanças que sofri nos últimos 2 anos ao nível da minha personalidade e da forma como me apresento ao mundo.
É muito engraçado deitar fora as máscaras que durante a adolescência criamos, que nos ajudam a descobrir como somos e como nos devemos enaltecer para assim aprender a sobreviver e a auto-descobrir.
Durante imenso tempo considerava que a força de carácter estava na intrasmissão de sentimentos, no bloqueio de vontades, numa enorme panóplia de repressões que mais tarde compreendi que tinham de vasar naturalmente.

Algo que reparo com muita frequência é haver uma tipificação e consequente afastamento (gap) gigantesco entre 2 tipos de pessoas: aquelas que são verdadeiramente honestas e não têm medo de expressar os seus sentimos e de se mostrarem vulneráveis (muita gente do mundo artístic), e um outro tipo de pessoas que parece pairar numa dimensão de telenovela constante em que recria papeis de outras novelas ou romances e são tudo menos elas próprias. Algumas dessas pessoas são espetacularmente bonitas e interessantes, dá para ver debaixo daquela casca que têm potenciais latentes para serem realmente fantásticas, mas mantêm-se presas a uma forma de estar unidimensional onde a constante defesa da sua máscara se torna o jogo principal das suas vidas. Esta situação mantém-se até que aconteça um verdadeiro choque-frontal com uma tragédia pessoal, que, como todas as tragédias, têm o potencial mágico da mudança e confronto para que esses individuos possam então descarregar o que sentem, por pura impotência perante os factos crús da realidade que não dominam nem aceitam.
Estas tragédias, sacrificios e revoluções são geradoras de mudança, e portanto o Caos é sem dúvida um elemento que sumarizando é mais construtivo que destrutivo.

Acho que hoje vou pegar em mim e dar um valente corte de cabelo.
Vai ser um bom teste comigo mesmo: conseguir desvincular-me da imagem que criei de mim mesmo e simplesmente aceitar-me como sou de essência: criança, velho, carinhoso, imaginativo, criativo, directo, forte, confiável.

Noto mudanças nas pessoas e no mundo. A Era de Aquários começa aos poucos a fazer-se sentir - a sensibilidade e liberdade emocional começa a ganhar forma e a moldar o meio em que se insere. Vivemos numa época de risco, onde se sente eminente no ar o perigo de extinsão e o começo de algo novo e um nível mais acima na espiral cósmica. We're in this together.

10/21/2006 

Sonhos 21.10.06

Sonho 1
Uma casa. Ambiente familiar. Visito algum amigo. Artista. Músico? Talvez. Visita casual que acaba comigo passando a noite lá e vaguando até à cozinha. Não me recordo a razão ou propósito da intenção de ali estar. Recordo-me de manhã haver uma transposição ou troca desse amigo para alguém mais velho e mais popular, como um cantor folclórico qualquer. Vagueio novamente pela casa mas desta feita com uma prespectiva de realizador, como se estivesse a fazer uma pré-reperage do local para filmar ali um video. Observo pelo interior o páteo solarengo lá fora que transmite uma sensação etérea e imaculada. Uma aura de transcendência no ar. Despeço-me e vou embora.

Sonho 2
Encontro-me a sair de algum lugar. Provavelmente a casa do sonho anterior. Estou no exterior, como que no meio de umas montanhas esverdeadas e altas. Começo o meu trajecto sem rumo. Vagueio contemplando a natureza majéstica e enaltecedora. A meio do caminho reparo que do outro lado da montanha está um homem de ar comprometedor a utilizar um objecto metálico cilindrico para forçar a fechadura de uma porta. Presencio o assalto e sinto-me perturbado por tal atitude. Preocupa-me também que ele me tenha visto e que passe a ser cúmplice. Continuo o meu caminho e mais à frente vejo o mesmo homem do outro lado da montanha a repetir a mesma acção mas desta vez é avistado por uma pessoa local que ele acaba por matar por ter presenciado a cena. Neste ponto tanto eu como o assaltante/assassino sabemos um do outro e o confronto é inevitável. Tento acelarar o passo e fugir, escapar-me daquela situação na qual me vi inserido sem ter tido escolha. Fui cúmplice de um crime no qual não participei mas passei a ter uma parte de culpa. O fulano segue-me e quer-me matar. A única escapatória é fugir e nem sequer penso no confronto por considerar que ele age meramente por impulso e de uma forma obsessiva.
Ao descer uma enconsta da montanha vejo finalmente a minha salvação: uma entrada para uma "nave" similar a um auditório/anfiteatro completamente construido em madeira no qual vou entrando e se vão abrindo portas à minha frente. Portas que se abrem na horizontal e vertical, um ambiente muito sci-fiction apesar de ser tudo em madeira. Chego então a uma sala que sei ser a sala-mãe, a principal que comanda a "nave". E assim consigo fugir.

10/13/2006 

O Teatro

As regras do jogo são:

1. Cada personagem desempenha um papel.
2. Os papeis são complementares e, em certos casos, rotativos conforme a necessidade.
3. A personagem tem possibilidade de alterar a história na qual está inserida e de passar de personagem secundária ou figurante para Herói, Ajudante, Mensageiro ou Vilão.
4. O papel que se representa está intimamente ligado com a geneologia Familiar, Cultural e Espacial na qual se vive a história. É impossível escapar a estes factos.
5. A personagem só cresce ultrapassando o meio no qual está inserida e assim descobrindo quem é. Isto significa que a mesma passa processos de Indepêndencia e/ou Desidentificação/Desenraização.
6. Os papeis funcionam no teatro da Vida em justaposição com o teatro da Morte
7. Algumas personagens são interdependentes e o seu papel passa por uma Mensagem ou Acção em conjunto com outras personagens. Estes papeis são cruciais na criação do Realismo e Verdade da história.
8. Existem papeis que são personificações puras de Mitos ou situações Alegórias. Estes papeis representam Conhecimento em forma de Sacríficio.
9. Existem personagens que se sentem injustiçadas com o papel que têm a desempenhar e por pura incompreensão tentam roubar ou dificultar o papel do outro. Estes papeis "destrutivos" abrem portas para a criação de uma nova história ou de um novo começo. Impedem por isso a Repetição de condutas ou acções centrais. São papeis Dinâmicos.
10. Quanto maior o grau de desempenho e dinâmica, maior a possibilidade de iluminação e reconhecimento. Este é um ciclo contínuo e estranhamento aditivo.
11. Os papeis ganham maior ênfase e realismo dramático quando confrontados com os papeis das outras personagens.
12. Existem personagens que não sabem jogar e precisam ser educadas, inspiradas ou motivadas. Estas também representam um papel ou uma instância da História.
13. Existem poucas histórias e poucos papeis, quando se consegue rapidamente entrar em personagem consegue-se igualmente manipular a história pois tem-se conhecimento interno da mesma.
14. As repetições de falas e a ritualização da representação através do exagero são fundamentais e necessárias. O psicodrama enfatizado é uma lupa para um melhor entendimento.
15. A prática perdura à teoria. A aplicação e experiência são a génese do Conhecimento.
15. Não existe outra realidade senão a do Teatro.
16. O Teatro é interminável, os cenários são vários.

10/08/2006 

Tantrismo - Para Uma Educação Sexual

Aprendi o que era foder já nem me recordo bem onde.
Talvez na televisão, ou através de alguma imagem numa revista. O mais certo terá sido por simples associação ao visionar um filme mais explícito na TV. E isto leva-me a pensar na educação sexual a que estamos estupidamente submetidos desde tenra idade.
Tal como somos bombardeados por publicidade e por toda uma sociedade mercantil orientada para o consumo e para uma economia de obsessões e distúrbios mentais, assim o é no campo sexual.
Acabo de fazer uma descoberta brilhante, e ela é que os meus pais nunca falaram sobre sexo comigo. Foi algo que foi deixado ao acaso e assim nasceu das preconcepções de uma mente minada de hormonas de um jovem, como qualquer outro, com complexos de puberdade. Agora vejamos o que será crescer sem esta educação sexual, sendo que a que levamos connosco para a vida adulta é uma mera fantasia pornográfica retirada de um filme porno blurento e esbatido de uma qualquer VHS escondida em cima do armário do nosso pai.

Quero agora partilhar um conhecimento recente que considero válido, pelo menos a nível teórico, visto que ainda não foi aplicado por mim na sua totalidade. Falo do tantrismo, ou transmutação da energia do homem e da sua sexualidade.
O tantrismo, de uma forma tosca e bruta é basicamente um trabalho a dois entre homem e mulher no sentido de equilibrarem as suas energias opostas Yin e Yang no sentido de homogeneizar os seus desejos carnais e assim prolongá-los por mais tempo que o normal.
No tantra o homem não se vem. Sim, leram bem, nem ele nem a mulher sem vêem. Não existe orgasmo. O "objectivo" não é esse pois quando nos vimos o que acontece é meramente uma descarga eléctrica (e não só) que corresponde a um estado emocional e físico de satisfação (aka prazer) que é nada mais que um anti-desejo instantâneo, ou melhor, um vício tal como a publicidade ou o chocolate.
No sexo tantrico o objectivo não é a pessoa ir descarregar para cima da outra ou fazer exercício físico desmedido, o objectivo é estimular amor recíproco e fomentar o mesmo na relação.
O tantrismo não é uma foda prolongada, nem sequer é foder. É amor e desejo num só.
De uma forma directa, se a pessoa não se vir, vai sentir vontade de fazer amor novamente muito em breve, e isso vai estimular um novo contacto e uma nova vontade de conquistar e partilhar com o parceiro a sua sexualidade, ao invés do sexo tradicional em que o casal acaba estafado e a arfar e se sente com a dívida paga em relação ao outro, como se tivesse cumprido a sua função (que lhe foi incutida provavelmente na tal educação fraca e inexistente da puberdade). No tantrismo o desejo aumenta, e o sexo atinge um outro nível menos imediato e fácil. É um género de yoga do sexo.

O tantrismo consiste em canalizar esta energia sexual através da coluna vertebral em ascensão até ao cérebro, sendo que este é o receptor destes inputs electro-magnéticos que irão neuro-estimular áreas habitualmente "degeneradas", isto é, esquecidas ou não utilizadas. Ou no meu caso, mal ensinadas e sem educação aparente.
O nosso cérebro está velho e mal usado e através desta prática podemos aceder a áreas novas, abrir portais para potencialidades latentes. Tal como com drogas alucinógenicas ou com uma experiência profundamente reveladora ou de contacto próximo com a morte nos revela, isto faz não só com que o individuo tenha uma maior consciência individual como um enriquecimento pessoal e em última análise da sua posição no mundo.

O que se torna difícil de compreender e de largar no antigo conceito de sexo é o objectivo do coito (palavra lindérrima) senão o prazer? O problema reside logo à partida na noção de prazer que temos como sendo instantânea e de fácil acesso / piada fácil com: estar à mão.
O prazer que conhecemos está distorcido. Tal como a noção de sexo que temos está distorcida por motivos religiosos (e não só). Convém à sociedade em que vivemos que assim seja.
Aliás, pensemos bem, qual será o caminho mais rápido e fácil senão o que temos vindo a praticar cegamente à tantos anos? A realidade é que a magia sexual e o ritualização deste costume pode de facto tornar-se uma via para atingir plenitude, satisfação relacional e bem-estar físico. Este conhecimento remota aos Sufis, Yogis, Budistas Zen, Maias, Aztecas, Druidas e mesmo ao Pré-Cristinianismo que tanta coisa deixou para se remendar.

A retenção do sémen no homem produz um estado de acumulação de energias, o que faz com que não só este produza mais e tenha maiores potencialidades criadoras (criação em ambos os sentidos: produtivo e fertilizante) como este também gera em si um ciclo que encerra o poder da criação durante mais tempo. i.e: Pode procriar até idades mais arrastadas.
Num resumo puro e duro: um homem que bate muitas punhetas ou se vem a torto e a direito fica estéril mais cedo do que um homem que se masturba ou fode menos. Problemas da próstata também são muitas vezes derivados destas aventuras do "esgalhar o pessegueiro". Outro exemplo curioso é o da masturbação estar associada à "degeneração" psíquica e à frequência com que pessoas com distúrbios mentais se masturbam como se não houvesse amanhã.

Mas a realidade é que a vida é mais do que o que aparenta. E se o Homem tem em si os instrumentos para ser um Deus, estes não são para serem desperdiçados numa vida de ignorância servida em bandeja ou de uma foda ocasional que não embarca em si o conceito de nada de novo, sendo que tanto faz ser com esta como com outra pessoa qualquer.
Alquimistas como Hermes Trimegestus ou o próprio Jung falaram sobre isto no decorrer das suas vidas, a transmutação alquímica é provavelmente o meio mais complexo mas também o que eleva o ser ao seu estado de maior graça e auto-conhecimento.
Aprender a controlar a força sexual e a superar o animal-instinto dentro de nós é obra, mas assim o é qualquer evolução no sentido de ascensão cósmica. Os benefícios em prol de algo melhor exigem sempre um maior grau de dedicação. De sacríficio no sentido lato de sacro (sagrado) e ofício - um trabalho superior ou divino.
Para mim, pessoalmente, esta aprendizagem vem em boa altura pois sinto que tudo se inclinava neste sentido e faltava algo mais para fazer a junção das partes e apertar o click final. A nível de interacção com o mundo e de comunicação in-out as coisas estão claras e cada vez mais verdadeiras, a nível sexual e corporal sinto de facto que faltava um acompanhamento e sofisticação inteligente dos graus espirituais apreendidos nos últimos tempos. "O psicossomático está inteiramente relacionando com o sexual. Uma supra-sexualidade implica, de facto, algo supra-sexual dentro do psicossomático". E é rumo a esta supra-sexualidade que caminhamos.

A sexualidade que se avizinha é sublime, dócil e com todas as benéces da anterior. O tempo é prolongado, existe quase uma humanização de um rito com o propósito de fomentar mais desejo e união entre casal. É um ciclo que se assemelha a uma dança e que se perpetua com um objectivo maior não de se ver esperma a jorrar e desperdiçar energia vital sem fundamento, mas de atingir graus físicos e espirituais mais significativos.
Esta prática só é possível existindo opostos, o Yin só existe porque existe o Yang, e na representação iconográfica de ambos, estes não se misturam, apenas se entrelaçam, pois a sua mistura representa a criação de algo novo.
O homem só consegue atingir esta iluminação "servindo-se" da mulher como chave para o seu despertar sexual, e o mesmo desta em relação ao homem, a diferença reside no facto de ambos terem de trabalhar juntos para um bem que é individual mas também colectivo, ou contrário do orgasmo comum que é puramente egóico e auto-centrado. No tantrismo o acto sexual é dividido e partilhado intimamente, é um rito comum. Ambos se esforçam e desenvolvem técnicas de controle e consequentemente de um novo prazer e conhecimento.
"No homem os centros de força, positivos e negativos, são opostos aos da mulher e quando um casal se une nos três mundos, espiritual, psíquica e fisicamente, realizando o Hieros Gamus, os seus centros de força actuam um sobre o outro, os positivos dinamizando os negativos, através de um processo de troca dinâmica, que promove a liberação e circulação da energia sagrada, chamada em algumas tradições de Kundalini."

Se pensarmos que vivemos numa sociedade em que a mentalidade vigente é a merda que se conhece, acham que faz algum sentido praticar sexo no qual não há necessidade de usar preservativos para impedir a gravidez? Ou em que os canais pornográficos deixam de fazer sentido pois aquele é uma forma meramente animalesca de foder...? Os muros começam a caír. Começa a ver-se a farsa que é os casamentos em que nascem crianças como se fossem frutos fora de época. E uma vez consumada a criação o desejo vai morar para outro lado. Essa filosofia de vida é não só mesquinha como retardatária e sem dúvida alguma degenerativa.

A ideia da transmutação não é a de uma pessoa se tornar num control-freak do acto sexual. A ideia é transladar as energias de um local para o outro sendo que para tal se recorre a uma maior envolvencia pessoal que é auto-regenerada pela vontade de repetição pois o acto permanece por terminar. Parece estranho, mas resulta numa sensação de descanso, alívio e bem-estar. Os benefícios ao nível da saúde e comportamentais dizem os teóricos serem elevados.
Sexo tantrico exige uma reprogramação da nossa inexistente educação sexual. Trata-se de uma aproximação holística do estudo do individuo no universo, de acesso ao seu microcosmos para assim ver reflectido o macro-universo.

Somos animais: certo. Mas intelectuais e com o poder de alterar os paradigmas sexuais da era em que vivemos. Os desejos não devem ser reprimidos mas entendidos e melhor aplicados. Sem radicalismos e absolutismos. Para uma melhor vivência, claro.

10/03/2006 

The Truth goes as Far as the Eye can See

Fugir à procura da verdade, salvação ou felicidade não é propriamente sinal de inteligência.
A procura por algo melhor é, como muitas outras coisas, um debate interior que começa por ser local e pode muito bem acabar no seu próprio núcleo, sendo este o seu criador.
O individuo toma opções constantes: sentir-se bem, ou chatear-se, comer até ficar mal-disposto ou comer o suficiente, etc. A consciência PLENA desta OPÇÃO é a primeira base para um contacto directo com o Self. O principio da morte do Ego. Entrar em contacto com a verdade e a inteligência interna é entender que os mecanismos emocionais e psíquicos são fruto de OPÇÕES, escolhas e alertas. São perspectivas e visões paradoxais sobre assuntos e temáticas iguais...

O "sonho americano", ou a procura por uma vida melhor trata-se de uma utopia quando praticada abruptamente. Falo por experiência própria, os "shortcuts" não funcionam e são uma ilusão. Os caminhos-longos são compensadores e o retorno a nível de aprendizagem é gigantesco.
Ao ler uma entrevista com Jodorowski este menciona algo interessante a respeito do shamanismo e do conhecimento da magia no plano actual. Passo a transcrever:

" ...the shaman uses the nature he lives with. He uses every plants he lives with. (...) If you bring an Amazon Shaman to Roma, it's ridiculus. Urban shaman doesn't have his own Plant. What does he have with himself? He has a mobile phone! This is the reason why you can't place him anywhere else to carry out his power.
Don't need to go as far as the Amazon forest to find a shaman. Just find it in your own environment, somebody who can open your consciousness. The truth is not far away. If you can't find it here, there is no truth here, nor elsewhere."

A friend of mine called me the other day to say something important yet she didn't quite know the reason.
All she said was: "don't take the shortcut." I'm posting this message to share the same view with whoever is reading.

We all have a role to play in this life. First to ourselves as a satisfaction towards our own sacrifice as we go by and then, whenever we feel ready, to help our relatives achieve the same level of sincerity and reconciliation with what we've long forgotten.
I'll say this again: pain, suffering and error is merely a sign of not being able to remember the correct path! Struggle to stay true with yourself. One can only heal or give away love and good advices when one is in fact in good health and feels love inside.

One cannot demand love, attention or respect. One must first practice these actions and teach them in order to actually feel the return.
Remember, all good things to those who wait.