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1/19/2007 

Aniquilação do Ego - 1ª Lição: Identificar o sacana e gozar com ele

Bora lá dar uma lição ao sr. ego!
Então é assim malta: quando estiverem em situações de aflição extrema - e não me refiro a vontade de cagar - mas antes em situações que vos deixariam:
1. Chateados
2. Desapontados
3. Tristes
4. Com raiva
5. Com vontade de gritar
6. Com vontade de chorar
7. Com vontade de dar porrada em alguém
8. Com vontade de buzinar no trânsito
9. Com vontade de tratar alguém mal
10. Com vontade de mandar a vossa namorada dar uma curva
etc etc etc

O que fazer?

GOZAR! Aparvalhar, be smart: don't take yourself too serious!

Um gajo só é tótó quando se chateia! Essa é a mais pura das verdades. Quando uma pessoa se irrita acontece o seguinte:
1. Só diz merda da boca para fora
2. Ofende os outros sabendo que está "quente" e por pura defesa de estar chateado/magoado/irritado whatever. É uma reacção e não algo pensado.
3. Dizem-se e fazem-se coisas idiotas e que por vezes não se tem oportunidade de rectificar.
4. Dá-se importância ao momento e ao que nos foi feito, quando na realidade se trata de um assunto extremamente absurdo e sem sentido.
5. Perde-se IMENSO tempo quando se está chateado ou com fúria. Desperdiçam-se energias que podiam ser empregues de melhor forma.

Ser tótó é isto mesmo: é um gajo agarrar-se ao ego e defender-se. É ser impulsivo e responder às três-pancadas. É ter uma reacção não-pensada e nem sequer questionada, é ser uma máquina que trabalha por se sentir lesada ou ameaçada.
Por isso, proponho (e não escrevi "eu proponho", para não dar atenção ao sacaninha do ego) que se tome reacções contrárias. Que se ridicularize as situações de stress e de alta-tensão (leia-se merda da grossa).

Quando alguém for um perfeito cabrão contigo faz o seguinte: não te chateias. Olha para ele nos olhos e pensa "epá, és um verdadeiro cabrão.." e sem interiorizar o sentimento de raiva age de forma oposta: trata o gajo na boa, ri-te na cara dele, goza com ele "numa boa" e faz-lhe sentir-se um ser ridiculo e parvo e mesquinho. Ser superior à situação não é ser prepotente nem ignorar o que nos vai na alma, é simplesmente ter a capacidade de reagir com inteligência emocional: substituir o sentimento interno básico de contra-reacção e assumir uma posição construtiva.

Alguns exemplos:
1. Um fulano stressadissimo buzia-te no trânsito. O que fazes?
- Dizes adeus e sorris que nem um idiota, buzina-lhe de volta e acenas alegremente como quem diz "olá compadre! também tenho buzinha, olha! bó-bó!"
2. Alguém te faz sentir que não és capaz de cumprir com uma tarefa/trabalho. Isso faz-te sentir mal ou inferior. Diminuido. Como reagir?
- Brincar com a situação e trazer ao de cima o medo e insegurança de sucesso, isto é, aclamar que "epá, se não conseguir fazer isto acho que a minha vida não volta a ser a mesma. Provavelmente nasci para cumprir esta função e vou falhar perante todos vocês, ai ai, meu deus, tenho de ir ali rezar três avé-marias ou vender a alma ao diabo. Ai meu deus cruzes-credo, isto é tarefa para um ser sobredotado.."
3. Uma situação de confronto e tensão, do género: alguém te ameaça de fazer algo que temes
- Mais uma vez: pegar no medo e nas defesas e virá-las do avesso, expôr os podres gozando com eles: dizendo "ai ai, agora é que vou levar na cara... Tens cara de ser mesmo muito mau... Ahaha", isto não só mete o tal ego/medo com o rabo-entre-as-pernas como eleva a pessoa a um nível de confiança que não teria de outra forma. Para admitir e assumir um sentimento é preciso ter uns colhões de aço. É preciso ser corajoso, maduro e não ter medo de se fragilizar. Melhor que tudo: ninguém consegue lixar uma pessoa fragilizada ou francamente verdadeira.

Tendo a capacidade de ver, indentificar e perceber quando estamos numa atitude de guerrilhas, ou na defesa, num confronto, é o primeiro passo para depois entender que essa posição não passa de uma mentira mascarada pela vontade de vingança ou raiva. São sentimentos absurdos e medíocres. Entender que ao agirmos por impulso devolve o mesmo para nós ajuda a parar este ciclo vicioso.
Estou por exemplo a pensar em pessoas que procuram a liberdade e exercem relações de dependência constantes. Isto é, a maioria das vezes procuramos uma libertação de uma prisão criada, construida e defendida por nós mesmos. A responsabilidade dos sentimentos é de cada um. A escolha é alterável.
É preciso entender que a opinião do ego não é realmente uma escolha, trata-se de um mecanismo interno, psicológico, de defesa pessoal. Como quando fechamos os olhos ao atirarem algo na nossa cara. É uma resposta imediata. Mas também é possível meter a mão à frente, virar o corpo, impedir que atirem algo na nossa direcção, etc. É possivel agir com antecedência. É possível TER escolha.
É possível conhecer e aniquilar os mecanismos de acção do ego. Entender que ele existe e passa o tempo em estados de oscilação: ora está em alta, ora está em baixo, como um balão que enche. E quando o ego está em alta não olha a meio para atingir os fins: perdemo-nos à procura de coisas que não entendemos, andamos desorientados e estupidamente consolados.

Turn the other cheek!