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11/24/2006 

Gálas - Negritude Corporal

A noite de 21 de Março no CCB foi deveras contagiante.
A norte-americana Diamanda Gálas deixou-me mais uma vez completamente assolado com a força arrebatadora da sua presença. Houve quem falasse em "mística" ou factor surpresa, para mim foi simplesmente derivativo e invocador.
O espectáculo que visou apresentar o trabalho "Guilty Guilty Guilty" mostrou uma artista altamente politizada e com uma veia social acutilante sentada sozinha ao piano sem proferir uma única palavra senão as da música. A sonoridade foi diversa e sempre personalizada, indo do Jazz ao Contemporâneo, passando pelos Blues e Soul. A voz da mulher é uma autêntica arma. Parece entrar nas músicas com uma intenção mas rapidamente foge para a sua pele e interpreta algo com a identidade que lhe é associada. Houve berros, houve entoações operáticas e houve até humbling and fumbling num estado quase hipnótico de delírio. Senti sem dúvida que são artistas como a Diamanda Gálas que fazem a diferença. Primeiro porque conseguem chegar ás grandes massas falando a lingua universal e depois porque o conseguem fazer com o devido mérito e respeito. O trabalho é verdadeiro e encaixa-lhe bem. Não é fabricado para as massas pondo em causa a qualidade da obra.
É certo que a grande maioria desejaria uma Diamanda a entrar em palco em pé e a agarrar 2 microfones deixando todos com os tímpanos a sangrar, mas a mim serviu-me bem estar sentado na escuridão do grande auditório e refastelado assistir a uma dose intensa de sentimento visceral e encorpado.

Long live this Black Diamond! Thank you!