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8/06/2005 

Filhos

Compreendi ontem verdadeiramente - embora não na totalidade - qual o sentimento associado ao desejo de ter um filho.
Objectivamente falando, os pais pretendem vivenciar um mundo já não atingivél para eles (falo de uma percepção ingénua) através de uma extensão que lhes é do próprio sangue; a ponte entre um mundo novo e uma vida reconhecida é-lhes mostrada e experienciada em conjunto com uma criatura que em tudo lhes parece semelhante e reage da mesma forma.
O risco permanece em conseguir criar um elo de disassociação de uma criação em tudo abusrdamente perfeita. Para os pais, os filhos são um contentor para encher de expectativas do maior grau, e o problema reside precisamente neste ponto, pois apesar de não pôr em causa a felicidade que um filho deve trazer, ponho em causa o discernimento por parte dos pais no que consta à forma como este é tratado e as escolhas que faz. É muito complicado para os pais verem os filhos como individuos próprios e singulares.
Não se trata de uma rebelião nem muito menos de incompreensão quando os filhos atingem uma idade onde os "porquês" são substituidos por actos absolutamente independentes, o que acontece é um não-acompanhamento desse crescimento por parte dos pais. Não pretendo ofender nenhum pai mas é preciso compreender que um filho não é meramente um "complemento" do casal, ou muitas vezes uma bengala para uma relação já fracassada. A beleza de desejar ter um filho reside, na minha opinião muito leiga, no facto de intensificar o contacto com a realidade através de um ser que nos mantém constantemente em contacto com realidades já distantes ou de deficil acesso por variadas razões de ordem social. O contemplar do crescimento e desenvolvimento de um filho, sem querer nomear nenhum estágio em particular, permite aos pais despertar sensações adormecidas de um passado distante - ou não - e talvez até descobrir outras novas, porém é importante não esquecer que esse ser não é uma máquina de produzir felicidade nem muito menos deve ser desculpa para frustrações pessoais.
O relacionamento entre pais e filhos é complexo e no meu ver ainda algo obscurecido por padrões de comportamentos que envolvem terceiros (familiares e educadores) o que complica a tarefa aos progenitores.

Como sempre, tudo depende da perspectiva com que olhamos sobre o tema, e neste caso em especifico, que me parece sensivelmente delicado, acho que a melhor hipótese será entender um filho como uma nova fase de vida para a família e individualmente para cada um dos pais. Uma nova fase para aprender a descobrir o que significa ser humano, ver o mundo com outros olhos e acima de tudo depositar confiança em algo tão nobre e que hoje em dia requer é esquecido e requer tomates de ferro: mostrar que é possível vivenciar as coisas de uma forma diferente de gerações anteriores, aceitável socialmente e que irá de alguma forma inspirar mudanças em quem nos rodeia.

PS: Pessoalmente acho que é impossível prever quando existe o tal batimento do "relógio biológico", nem sequer sei se isso existe apenas na mulher ou igualmente no homem, ou se se trata de um "batimento" conjunto, either ways, acho que como em tudo na vida nunca se está absolutamente preparado para esse acontecimento, o importante é abracá-lo da melhor forma e como diz a música "come what may..".
Quero apenas aproveitar para comentar o que muito ouço falar sobre "idades": acho ridiculamente patético falar-se em idades para ter filhos, porque é impossível destacar uma idade aceitável nos dias que correm onde existem pessoas de 20 e poucos anos com vidas feitas e pessoas com 30s e muitos com vidas ainda a começar. Cada caso é um caso e nada deve ser condenável à partida. O importante é lidar com o assunto de cabeça fria e ser sincero connosco próprios.

Pôr um filho neste mundo é um acto de amor e simultaneamente um acto de coragem!

Não é fácil ser pai e muito menos o é, nos dias que correm.

Quer queiram quer não o choque de mentalidades é grande, e custa aceitar certos parâmetros da vida dos jovens da actualidade.

Nós pais temos que nos munir de coragem e algum distanciamento para conseguirmos ser mais ou menos felizes quando vimos os nossos filhos decidirem fazer algumas coisas q achamos erradas e tb quando decidem ir viver sózinhos... É COMPLICADO, passamos a achar q os nossos filhos q tanto amamos tb são seres q têm vida e vontade própria mas paralelamente nos são um pouco ESTRANHOS e até se sente um certo distanciamento na nossa relação pais/filhos, algo se quebra e não volta a ser como antes.

Gostava de acrescentar que acho que grande parte desse chamado "choque de mentalidades" é também gerado pela própria educação tradicionalista no sentido em que educa as crianças a tratar os adultos de forma diferente.
Sinto que crianças, jovens e adultos tendem a afastar-se por uma questão de respeito ou educação que na verdade deve existir e fazer parte do bom senso de cada um, mas também deve haver uma compreensão de que todos somos de carne e que no fundo não é por existir uma diferença de idades que devemos ter "receio" de abordar determinados assuntos ou de tratar familiares por "você".
Objectivamente, quero com isto dizer que o choque de mentalidades é criado por cada um e não por uma nuvem sobrenatural que paira sobre nós.

Mas a porta da abertura e da intimidade é-nos fechada na cara precisamente pelos mais novos(os nossos próprios filhos!) não desabafam connosco, não se abrem, não confiam na nossa experiência de vida, acham-nos cotas, antiquados, desadaptados e sei lá q mais!

Toda a gente PODE dar palpites, os pais NÂO!

É muito triste q as pessoas q mais os amam sejam assim AFASTADAS da sua vida, DAÍ o FOSSO...

Curioso como se lê um tonzinho de raiva nessas palavras. Não ajuda em nada para um melhor entendimento familiar.

Penso que tudo acaba na velha história da disassociação afectiva. É complicado estabelecer uma fronteira entre onde começa e acaba a relação filho-pais e amigo-pais. Existe um constante desrespeito de ambas as partes o que leva a mal-entendidos e conflictos.

Vamos pegar na seguinte situação, um filho procura o melhor amigo para desabafar sobre uma namorada que anda a fisgar, qual será a posição do melhor amigo? Em principio irá ser confidente, depois irá encorajá-lo e brincar com a situação, mas na verdade estão subentendidos uma série de outros factores já discutidos e conhecidos entre ambos.
A posição que um pai adopta é à partida "na defensiva", apontando muito mais os perigos para algo do que as beneces, fazendo com que o filho se sinta desencurajado e quiçá até retire um pouco da magia que habita tão fogasamente na sua cabeça naquela idade.

A intimidade só é dada a quem a conquista.

Certo, mas eu conheço uma amiga q para se tornar amiga e confidente da filha abdicou da opinião achando tudo o q a filha faz bem feito.

Conclusão efectivamente não há nada q essa filha faça q não conte à mãe e são realmente 2 grandes amigas, só q a vida dela tem sido uma asneira atrás da outra, sendo até conhecida por uma alcunha bastante ofensiva! e a mãe comporta-se como se nada fôsse e a filha vai indo de tombo em tombo...

O q será melhor ouvir os conselhos da mãe e acatar ou não pois há o livre arbítrio ou a mãe deixar de dizer o q lhe vai na alma e passar a omitir-se vendo disparate atrás de disparate sem dizer nada!? sem ter voto na matéria!? o q será melhor dizer: Filha eu acho assim e assado, mas tu faz o q entenderes...

O q é melhor!? Eu como mãe já não sei!

Bom, antes de mais, este é um espaço de diálogo mas não é de modo algum um consultório cor-de-rosa. Não quero com isto dizer que existam dificuldades em falar sobre determinados assuntos, desde que não se dramatize ou pinte um quadro de telenovela.

Peço desculpa mas constantemente assisto a uma atitude demasiado televisiva e mediática ao nível das relações familiares.
Espera-se isto e aquilo das pessoas porque se viu frito e cozido na televisão, ou no vizinho que infelizmente segue os mesmos padrões dos tios, avós e primos.
Não tem nada de ser assim. Dentro das 4 paredes cada um pensa e dá a educação que bem entender. Lá fora, a nível social, a coisa é diferente.
Vamo-nos deixar de ser lamechas e ver as coisas como elas são: somos todos humanos, uns mais velhos outros mais novos. Há que haver respeito e compreensão, mas nada de enfiar moralismos pela garganta do próximo. Tem de haver espaço para maturação e crescimento pessoal, se esssa for a escolha. Também tem de haver admiração pela frescura dos mais novos, pelo que eles ensinam igualmente aos mais velhos.
As decisões de uns não podem ser interpretadas como a cruz do próximo. Por muito que seja doloroso a um familiar, cada um tem de olhar por si próprio acima de tudo, e quando não existe a capacidade para tal, existe pelo menos o direito à explicação lógica.

O que é ser pai/mãe afinal?
Orientador, educador, professor, amigo, companheiro?

Ser pai ou mãe é na minha opinião uma aprendizagem como qualquer outra. Ninguém sabe o que esperar e como tal, há que tentar levar o melhor das situações.

E que dizer de uma filha adulta que se vira para a mãe e diz não há mãe nem filha são apenas 2 mulheres. Não julgues que por seres mãe estás num patamar acima!?
Comentários por favor!

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