« Home | Loop Genético » | Tu que rastejas... » | Sunscreen Speech » | Mão Morta » | História da Cenoura e do Burro » | Medo » | Conduta-Personalidade-Linguagem » | Espiral » | Tabuleiro de Xadrez » | Iluminação » 

7/08/2005 

Merda

Quando estamos na merda só vemos merda. Só conseguimos pensar em merda, chafurdar e cheirar toda a bosta que nos rodeia imaginariamente ou não. É um fedor impossível e queremos que todos vejam como é horrível estar enfiado em bosta, e como somos coitados e não-compreendidos. Adoramos sentir a merda a subir-nos até aos miolos e ficar o mais cagados possíveis, mais não seja, para mostrar o que quão valentes e sofredores pelas nossas causas somos capazes de ser.
Somos tão verdadeiros connosco próprios que conseguimos comer merda às colheres para sentirmos como é realmente o sabor a merda.
E pior ainda... Pensamos que é preciso passar pela merda e senti-la para puder falar nela com os outros.

Desculpem-me mas eu não concordo um dedo-mindinho com esta merda de atitude.

O que é merda para uns é ouro para outros, e não existe verdade absoluta e irrefutável para nenhum dos dois.
O que existe são pontos-de-vista diferentes e cada um cria o seu próprio. Se um fulano decidir ver um poço-de-merda e o outro um palácio de ouro, é lá com eles, agora cada um querer convencer o outro daquilo que sente/vê não leva a lado nenhum e é uma discussão interminável.
Tem de haver respeito e saber dar espaço ao outro lado para viver a sua fantasia de merda, ou de diamantes.
E melhor ainda: o gajo que vê ouro deve-se rir da merda do outro e apoiá-lo para ser apoiado. Se queremos ser compreendidos temos de compreender. Se queremos que aceitem a nossa merda, temos de aceitar o ouro do outro.

Logo, para mim, a conclusão desta merda de crónica é a seguinte: cada um se agarra aquilo que atribui importância. Se para uns a merda é importante, go ahead and dwell in your own shit. Se para outros o carro limpinho e asseado é importante: força, esfrega o menino e dá lustro no tablier, se para outros o gatinho ou cãozinho é importante: vá, vai lá escovar o pêlo do bicho, se para outros o importante é experimentar tudo e mais alguma coisa: vá, vai lá entupir-te de experiências até te cansares... Por mim cada um tem o direito a ser e sentir aquilo que bem entender, só não me façam engolir com a vossa merda pessoal como se fosse normal todos sermos iguais e gostarmos de comer cagalhões. NÃO SOMOS. Não somos iguais mundanamente falando. Somos diferentes e ainda bem senão era uma real merda andar tudo a tirar pêlos aos tarecos ou a saltar de parapente ou a esfregar as jantes ao carro.
Cada um tem de admitir as suas merdas, ficar fixo nelas - ou não - e não forçar o próximo a pensar que a merda é ouro.

Agora a parte filosófico e para reflectir:

"You find out that you are not what you believed you were your entire life.
And it is frightening, because this is the only way that you know how to be. You created an image of yourself, completely distorted, and you practiced and practiced for years and years until you mastered what you believe you are. And what is it that you mastered? Anger? Unhappiness? Drama? Judgment? Gossiping? And you discover something else very interesting. Every human in the entire world is a Master. And practice makes the Master. We all practice what we believe we are until we master it. And we do it to perfection. To realize this shakes your very world, and to see that none of your beliefs are true is devastating. "

O desafio é o seguinte: transformar as nossas merdas em algo fantástico para nós e convencer o próximo que a nossa preciosa merda é um pedaço de ouro carregado de valor!