Distância - Mal Necessário?
Existe qualquer coisa na distância que é a alma do negócio.
Conheces aquela sensação de falta? Quando se tem falta de algo/alguém é que realmente se dá importância a essa coisa/pessoa?
Pois bem, imagina que conseguimos viver assim constantemente!
Como se fossemos eternamente gratos por sermos quem somos, estarmos onde estamos, conhecermos o que conhecemos, etc.;
Isso sim é magnifico! É esse o espírito do Universo, de verdade!
... É também, infelizmente, complicado de (re)criar numa base diária.
Aqui entre nós, passo a chamar a esta "distância/falta de", o SINDROMA DO BIDÉ. E passo a explicar porquê: actualmente não tenho bidé. A casa-de-banho da nossa casa não tem bidé, logo por rídiculo que pareça senti falta daquele objecto sem qualquer uso prático para o homem moderno. Já não me recordo detalhadamente porque senti falta de um bidé (a explicação para não me recordar pode ser entendida no post anterior, é tão bom ter desculpas!), mas por alguma razão absurda senti falta daquela peça de loiça branca que nos faz companhia incondicional no cagatório.
O bidé não foge com o cheiro, não foge por nos ver nús, vê os nossos amigos/familiares nús, é um pacholas! E eu perdi esse grande amigo! So long.. Farewell!
Agora a sério, onde queria tentar chegar é, a distância/falta de faz com que o sindroma do bídé se acentue em nós. Tal como quando duas pessoas estão afastadas por um longo período de tempo e se reunem existe algo de mágico e de "recordar" a química existente senão mesmo experienciando-a novamente.
Acredito que existe algo nesta distância que tem que ver com a individualidade da pessoa. Como se fosse uma forma de nos mantermos fieis a nós mesmos, do género de não nos esquecermos de quem somos, do que sabemos e do que alcançámos ou sentimos, como se o sindroma do bidé quisesse tentar falar mais alto e nos lembrasse do passado preparando-nos para o futuro.
Outra analogia: quando passamos por um momento díficil qualquer, aquelas merdas que nos deixam de garganta apertada durante uma semana ou que não parecemos encontrar solução imediata, dormimos mal, comemos mal, damo-nos mal com os outros, não ouvimos o que os outros dizem mesmo quando temos a resposta em frente ao nariz, e achamos aquela situação a pior merda de todo o mundo. Pensamos: "porra, isto só me acontece a mim, que caralhada".
Anos depois, falamos daquela situação traumática - ou talvez não tão traumática, senão tinhamos esquecido ou tentado esquecer - como sendo um mal necessário, pensamos para nós mesmos "possa, passei por aquilo e agora estou aqui. Isto foi importante, estou mais rico, cresci, aprendi".
E o que foi preciso para mudarmos de opinião? Para passarmos de "a-maior-merda-à-face-do-planeta" para uma experiência enriqueçedora?
The answer is: DISTÃNCIA....
(A resposta não é Tempo como vulgarmente se diz, porque o tempo é relativo e uma opção individual. Cada um demora o tempo que precisa, e não se trata de tempo mas do tempo até chegar à DISTÂNCIA do problema para o conseguir ver livre de ligações emocionais. Não acreditem nessas tretas de "o tempo cura tudo", é pura mentira para apaziguar corações moles.)
E porque precisamos deste distância afinal? Somos burrinhos? Não conseguimos descernir NA ALTURA CORRENTE que o mal porque estamos a passar é mesmo isso: PASSAGEIRO?
O que acontece é: decorem, não nos conseguimos distanciar dessa própria distância, é isso que acontece.
A distância reafirma-nos, diz-nos ao ouvido baixinho "Olha lá pá, tu és assim. Toma lá atenção ao que andas a fazer! Precisas mesmo de comprar isso? És mais feliz por comprares isso? É esse o caminho? Isso faz-te feliz? Essa pessoa é para ti? Faz-te bem? Quer-te bem? Essa viagem é mesmo importante? Aceitar esse trabalho é por necessidade ou gosto?"
A distância é parecida com a solidão, mas de uma forma previligiada pois não estamos "em falta". O que acontece é que conseguimos ver se é uma FALTA ou se está bem como está.
A distância de algo/alguém ajuda a centrarmo-nos no universo. A reposicionarmo-nos perante as coisas.
Há quem precise de um valente chapadão na cara para acordar, outros precisam de assistir a uma morte de um familiar, há quem precise de um casamento destroçado ou de ver uma doença de um amigo, e há quem consiga ver as coisas apenas com um pouquinho de distância.
A distância é de facto um acto isolado, de solidão. É um processo individual. Mas porra, é positovo!
O não-relacionamento directo com algo/alguém faz com que não se criem laços emocionais e de dependência, logo, there's nothing to loose.
A distância faz com que se consiga manter uma opinião inalterado sem sofrer influência de outrém, e isso é bom ou mau?
Depende. É bom em casos como o negócio/emprego/trabalho em que temos de conservar uma posição firme e "desencanada". Nessas alturas é bom sermos convictos do que queremos. Noutras situações não há necessidade dessa rigídez da distância.
Vamos supor o seguinte: entramos na feira popular, passamos por todos os carróceis e divertimentos, passamos por restaurantes deliciosos, vemos um monte de pessoas desconhecidas e decidimos ficar simplesmente parados no meio daquela confusão caótica. O que acontece? Já fizeste isto? Já paraste alguma vez no meio da feira popular, ou de um aeroporto ou de uma outra feira ou festa infernal?
Eu digo-te o que acontece quando se está realmente parado: sentimo-nos deslocados, vemos o rídiculo de coisas que fazemos para nos satisfazermos. Vemos os caprichos e falta de sentido que existe no mundo. E não há nada de mal nisso se tivermos essa OPÇÂO, se soubermos que existe a OPÇÃO de ficar no meio da confusão e simplesmente observar ou fazer parte dessa confusão. E para ter essa NOÇÂO de livre arbitrio é preciso.. . . DISTÂNCIA!
A distância ajuda-nos a avaliar os outros e nós mesmos, é um conhecimento crescente, por vezes uma praga por nos privar de seguir os instintos, mas de tempos a tempos é uma ajuda preciosa.
O importante é conhecer a nossa própria distância e como se pode utilizar essa virtude.
Ou seja, o importante é ver a distância como um processo de evolução individual que nos possibilita apreciar o que temos e onde estamos.
Conheces aquela sensação de falta? Quando se tem falta de algo/alguém é que realmente se dá importância a essa coisa/pessoa?
Pois bem, imagina que conseguimos viver assim constantemente!
Como se fossemos eternamente gratos por sermos quem somos, estarmos onde estamos, conhecermos o que conhecemos, etc.;
Isso sim é magnifico! É esse o espírito do Universo, de verdade!
... É também, infelizmente, complicado de (re)criar numa base diária.
Aqui entre nós, passo a chamar a esta "distância/falta de", o SINDROMA DO BIDÉ. E passo a explicar porquê: actualmente não tenho bidé. A casa-de-banho da nossa casa não tem bidé, logo por rídiculo que pareça senti falta daquele objecto sem qualquer uso prático para o homem moderno. Já não me recordo detalhadamente porque senti falta de um bidé (a explicação para não me recordar pode ser entendida no post anterior, é tão bom ter desculpas!), mas por alguma razão absurda senti falta daquela peça de loiça branca que nos faz companhia incondicional no cagatório.
O bidé não foge com o cheiro, não foge por nos ver nús, vê os nossos amigos/familiares nús, é um pacholas! E eu perdi esse grande amigo! So long.. Farewell!
Agora a sério, onde queria tentar chegar é, a distância/falta de faz com que o sindroma do bídé se acentue em nós. Tal como quando duas pessoas estão afastadas por um longo período de tempo e se reunem existe algo de mágico e de "recordar" a química existente senão mesmo experienciando-a novamente.
Acredito que existe algo nesta distância que tem que ver com a individualidade da pessoa. Como se fosse uma forma de nos mantermos fieis a nós mesmos, do género de não nos esquecermos de quem somos, do que sabemos e do que alcançámos ou sentimos, como se o sindroma do bidé quisesse tentar falar mais alto e nos lembrasse do passado preparando-nos para o futuro.
Outra analogia: quando passamos por um momento díficil qualquer, aquelas merdas que nos deixam de garganta apertada durante uma semana ou que não parecemos encontrar solução imediata, dormimos mal, comemos mal, damo-nos mal com os outros, não ouvimos o que os outros dizem mesmo quando temos a resposta em frente ao nariz, e achamos aquela situação a pior merda de todo o mundo. Pensamos: "porra, isto só me acontece a mim, que caralhada".
Anos depois, falamos daquela situação traumática - ou talvez não tão traumática, senão tinhamos esquecido ou tentado esquecer - como sendo um mal necessário, pensamos para nós mesmos "possa, passei por aquilo e agora estou aqui. Isto foi importante, estou mais rico, cresci, aprendi".
E o que foi preciso para mudarmos de opinião? Para passarmos de "a-maior-merda-à-face-do-planeta" para uma experiência enriqueçedora?
The answer is: DISTÃNCIA....
(A resposta não é Tempo como vulgarmente se diz, porque o tempo é relativo e uma opção individual. Cada um demora o tempo que precisa, e não se trata de tempo mas do tempo até chegar à DISTÂNCIA do problema para o conseguir ver livre de ligações emocionais. Não acreditem nessas tretas de "o tempo cura tudo", é pura mentira para apaziguar corações moles.)
E porque precisamos deste distância afinal? Somos burrinhos? Não conseguimos descernir NA ALTURA CORRENTE que o mal porque estamos a passar é mesmo isso: PASSAGEIRO?
O que acontece é: decorem, não nos conseguimos distanciar dessa própria distância, é isso que acontece.
A distância reafirma-nos, diz-nos ao ouvido baixinho "Olha lá pá, tu és assim. Toma lá atenção ao que andas a fazer! Precisas mesmo de comprar isso? És mais feliz por comprares isso? É esse o caminho? Isso faz-te feliz? Essa pessoa é para ti? Faz-te bem? Quer-te bem? Essa viagem é mesmo importante? Aceitar esse trabalho é por necessidade ou gosto?"
A distância é parecida com a solidão, mas de uma forma previligiada pois não estamos "em falta". O que acontece é que conseguimos ver se é uma FALTA ou se está bem como está.
A distância de algo/alguém ajuda a centrarmo-nos no universo. A reposicionarmo-nos perante as coisas.
Há quem precise de um valente chapadão na cara para acordar, outros precisam de assistir a uma morte de um familiar, há quem precise de um casamento destroçado ou de ver uma doença de um amigo, e há quem consiga ver as coisas apenas com um pouquinho de distância.
A distância é de facto um acto isolado, de solidão. É um processo individual. Mas porra, é positovo!
O não-relacionamento directo com algo/alguém faz com que não se criem laços emocionais e de dependência, logo, there's nothing to loose.
A distância faz com que se consiga manter uma opinião inalterado sem sofrer influência de outrém, e isso é bom ou mau?
Depende. É bom em casos como o negócio/emprego/trabalho em que temos de conservar uma posição firme e "desencanada". Nessas alturas é bom sermos convictos do que queremos. Noutras situações não há necessidade dessa rigídez da distância.
Vamos supor o seguinte: entramos na feira popular, passamos por todos os carróceis e divertimentos, passamos por restaurantes deliciosos, vemos um monte de pessoas desconhecidas e decidimos ficar simplesmente parados no meio daquela confusão caótica. O que acontece? Já fizeste isto? Já paraste alguma vez no meio da feira popular, ou de um aeroporto ou de uma outra feira ou festa infernal?
Eu digo-te o que acontece quando se está realmente parado: sentimo-nos deslocados, vemos o rídiculo de coisas que fazemos para nos satisfazermos. Vemos os caprichos e falta de sentido que existe no mundo. E não há nada de mal nisso se tivermos essa OPÇÂO, se soubermos que existe a OPÇÃO de ficar no meio da confusão e simplesmente observar ou fazer parte dessa confusão. E para ter essa NOÇÂO de livre arbitrio é preciso.. . . DISTÂNCIA!
A distância ajuda-nos a avaliar os outros e nós mesmos, é um conhecimento crescente, por vezes uma praga por nos privar de seguir os instintos, mas de tempos a tempos é uma ajuda preciosa.
O importante é conhecer a nossa própria distância e como se pode utilizar essa virtude.
Ou seja, o importante é ver a distância como um processo de evolução individual que nos possibilita apreciar o que temos e onde estamos.
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