Ausência
Por vezes assusto-me por ficar tão ausente em algum lugar.
É que simplesmente sinto, do profundo do meu ser, que não tenho nada para dizer e que o momento em que me inseri está desfasado do nível emocional onde me encontro. Nem sei se é de facto uma questão de dimensões paralelas ou de puro disinteresse, a verdade é que também não me incomoda tentar entender qual é o motivo na altura. E mesmo agora, noutro tempo e espaço, quando penso nisto, é-me tudo tão naturalmente metafísico que assusta. Como se o motivo real da minha presença num determinado lugar fosse a não-presença. E se de facto o é, como posso compreender a forma como essa não-presença funciona e quais os resultados da mesma? Será que vale sequer o esforço dessa compreensão?
Para ser honesto, a mim não me incomoda ser um lençol fino por entre o qual as palavras voam e desvanecem em pouco menos de um minuto. O que me preocupa é quem me acompanha e quem está a falar de si para a minha pessoa. É como que instantaneamente um mecanismo se liga em mim e saio fora do corpo para não ser, nem ter, nem ouvir, e passar simplesmente a estar... Trata-se de uma ausência reflectida e sentida, mas com a qual não combato pois assemelha-se a um estado de meditação em que nada corre e nada entra. Tudo circula, mas num circuito fechado e interno, onde as luzinhas acedem mas não existe resposta.
Já me disseram que a simples presença já conta, mas não me conformo com essas palavras que soam a piedade inútil e que só demonstram compaixão pelo incompreendido.
É que simplesmente sinto, do profundo do meu ser, que não tenho nada para dizer e que o momento em que me inseri está desfasado do nível emocional onde me encontro. Nem sei se é de facto uma questão de dimensões paralelas ou de puro disinteresse, a verdade é que também não me incomoda tentar entender qual é o motivo na altura. E mesmo agora, noutro tempo e espaço, quando penso nisto, é-me tudo tão naturalmente metafísico que assusta. Como se o motivo real da minha presença num determinado lugar fosse a não-presença. E se de facto o é, como posso compreender a forma como essa não-presença funciona e quais os resultados da mesma? Será que vale sequer o esforço dessa compreensão?
Para ser honesto, a mim não me incomoda ser um lençol fino por entre o qual as palavras voam e desvanecem em pouco menos de um minuto. O que me preocupa é quem me acompanha e quem está a falar de si para a minha pessoa. É como que instantaneamente um mecanismo se liga em mim e saio fora do corpo para não ser, nem ter, nem ouvir, e passar simplesmente a estar... Trata-se de uma ausência reflectida e sentida, mas com a qual não combato pois assemelha-se a um estado de meditação em que nada corre e nada entra. Tudo circula, mas num circuito fechado e interno, onde as luzinhas acedem mas não existe resposta.
Já me disseram que a simples presença já conta, mas não me conformo com essas palavras que soam a piedade inútil e que só demonstram compaixão pelo incompreendido.
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