Espiral
Todos sabemos o nosso fado.
Começo a acreditar piamente que na verdade sabemos os nossos erros e como ultrapassá-los simplesmente temos de ESPERAR que a altura chegue para lhes passar por cima e os ver resolvidos.
Digo isto porque tenho ouvido as pessoas falarem comigo e na verdade estão a falar com elas próprias. Eu faço exactamente o mesmo, por vezes digo coisas a alguém que queria ver realizadas comigo.
Depositam-se desejos, lançam-se sementes, em buracos vazios sem sabermos se alguma vez os iremos encher ou ver crescer.
Ontem eu e o meu pai passamos por um processo de cura. Conversamos em familia e consegui, de cabeça fria e em mim, dizer-lhe o que acho da minha atitude e da dele.
Foi bom, pelo menos meti cá para fora o que sentia, e ele fez o mesmo.
As posições entre nós os dois são tão diferentes: ele sempre agarrado ao orgulho dele, convencendo-se de grandes feitos do passado (alguns deles acho até que são imaginários), projectando todos os sucessos dele em mim. Imaginando-me ainda hoje uma pessoa fechada e reprimida. Não sei se não serei assim mesmo fruto das porradas que ELE levou da vida.
Disse-me coisas bonitas. E teve muita coragem.
E eu... Bom, eu sinto-me quase sempre um espelho reflector colocado no tecto da sala sobre nós dois. Imparcial.
Mas ontem para além da imparcialidade disse o que sentia.
E o melhor foi ouvir o que ele sentia. Precisava de falar.... O meu pai precisa de desabafar e ser reconhecido.
Se eu sou uma pessoa sozinha ele é bem mais do que eu.
Adoro o meu pai e tenho muitas semelhanças com ele, mas não é correcto alguém ser um calendário com furos através do qual os outros devem olhar para saber onde está o prémio.
Fiz-me entender?
Não está correcto ninguém carregar a cruz para que o outro entenda o sentido daquela jornada. Deveriamos ser auto-suficientes e aprender isoladamente. Ou talvez não... Ou talvez esteja totalmente errado e seja esse o motivo das disputas geracionais.
Não existem lapsos geracionais, somos nós que os inventamos.
Volto ao inicio:
Cada um de nós sabe o caminho que tem de percorrer. Nós sabemos os nossos podres e por vezes até conseguimos identificar a origem dos mesmos olhando para outra pessoa, seja ela o Pai, ou o/a companheiro(a).
Temos plantado em nós uma semente que vai crescendo, não a podemos regar em demasia senão apodrece, nem ficar demasiado tempo exposta ao sol.
A semente está lá. Temos de deixá-la crescer serenamente,e ir colocando pausinhos para ela se suportar. Cantar umas músiquinhas para a planta se animar e esperar para ver qual será o fruto que a planta irá dar.
Mas não podemos esperar que seja uma nespereira, e começarmos a sonhar com nésperas. A semente será aquilo que tem de ser, e o crescimento dela é somente dela com ela própria. Se a semente desejar morrer pelo caminho não irá haver nada que possamos fazer para a impedir. Se a semente crescer e desejar ser levada por um pássaro temos de respeitar, amar e desejar as melhores felicidades.
Curam-se anos de mágoas com sinceridade e coragem.
Espero que os "medos" que foram levantados ontem tenham servido um propósito maior e não tenham sido em vão. Não só por mim e pelo meu pai mas por tudo o que se passa na minha vida agora e na vida dele agora. O importante é resolver as coisas AGORA!
Espero que ajude as minhas relações com outras pessoas e as dele também.
Quero muito cortar e acabar com bloqueios que vêem perseguindo a minha família há gerações. Frutos de sementes mal semeadas.
Se tenho a capacidade de "ver por fora", talvez possa resolver determinadas merdas de uma vez por todas e possibilitar uma vida menos complicada aos meus filhos/netos.
Foda-se, o que acabei de escrever! Estou tão errado! Não QUERO plantar nada para ninguém! Não quero que um dia me culpem por ter escolhido um caminho para alguém... Mas é inevitável não é?
É inevitável vivermos sem provocarmos mudanças á nossa volta.
The spiral is endless...
Começo a acreditar piamente que na verdade sabemos os nossos erros e como ultrapassá-los simplesmente temos de ESPERAR que a altura chegue para lhes passar por cima e os ver resolvidos.
Digo isto porque tenho ouvido as pessoas falarem comigo e na verdade estão a falar com elas próprias. Eu faço exactamente o mesmo, por vezes digo coisas a alguém que queria ver realizadas comigo.
Depositam-se desejos, lançam-se sementes, em buracos vazios sem sabermos se alguma vez os iremos encher ou ver crescer.
Ontem eu e o meu pai passamos por um processo de cura. Conversamos em familia e consegui, de cabeça fria e em mim, dizer-lhe o que acho da minha atitude e da dele.
Foi bom, pelo menos meti cá para fora o que sentia, e ele fez o mesmo.
As posições entre nós os dois são tão diferentes: ele sempre agarrado ao orgulho dele, convencendo-se de grandes feitos do passado (alguns deles acho até que são imaginários), projectando todos os sucessos dele em mim. Imaginando-me ainda hoje uma pessoa fechada e reprimida. Não sei se não serei assim mesmo fruto das porradas que ELE levou da vida.
Disse-me coisas bonitas. E teve muita coragem.
E eu... Bom, eu sinto-me quase sempre um espelho reflector colocado no tecto da sala sobre nós dois. Imparcial.
Mas ontem para além da imparcialidade disse o que sentia.
E o melhor foi ouvir o que ele sentia. Precisava de falar.... O meu pai precisa de desabafar e ser reconhecido.
Se eu sou uma pessoa sozinha ele é bem mais do que eu.
Adoro o meu pai e tenho muitas semelhanças com ele, mas não é correcto alguém ser um calendário com furos através do qual os outros devem olhar para saber onde está o prémio.
Fiz-me entender?
Não está correcto ninguém carregar a cruz para que o outro entenda o sentido daquela jornada. Deveriamos ser auto-suficientes e aprender isoladamente. Ou talvez não... Ou talvez esteja totalmente errado e seja esse o motivo das disputas geracionais.
Não existem lapsos geracionais, somos nós que os inventamos.
Volto ao inicio:
Cada um de nós sabe o caminho que tem de percorrer. Nós sabemos os nossos podres e por vezes até conseguimos identificar a origem dos mesmos olhando para outra pessoa, seja ela o Pai, ou o/a companheiro(a).
Temos plantado em nós uma semente que vai crescendo, não a podemos regar em demasia senão apodrece, nem ficar demasiado tempo exposta ao sol.
A semente está lá. Temos de deixá-la crescer serenamente,e ir colocando pausinhos para ela se suportar. Cantar umas músiquinhas para a planta se animar e esperar para ver qual será o fruto que a planta irá dar.
Mas não podemos esperar que seja uma nespereira, e começarmos a sonhar com nésperas. A semente será aquilo que tem de ser, e o crescimento dela é somente dela com ela própria. Se a semente desejar morrer pelo caminho não irá haver nada que possamos fazer para a impedir. Se a semente crescer e desejar ser levada por um pássaro temos de respeitar, amar e desejar as melhores felicidades.
Curam-se anos de mágoas com sinceridade e coragem.
Espero que os "medos" que foram levantados ontem tenham servido um propósito maior e não tenham sido em vão. Não só por mim e pelo meu pai mas por tudo o que se passa na minha vida agora e na vida dele agora. O importante é resolver as coisas AGORA!
Espero que ajude as minhas relações com outras pessoas e as dele também.
Quero muito cortar e acabar com bloqueios que vêem perseguindo a minha família há gerações. Frutos de sementes mal semeadas.
Se tenho a capacidade de "ver por fora", talvez possa resolver determinadas merdas de uma vez por todas e possibilitar uma vida menos complicada aos meus filhos/netos.
Foda-se, o que acabei de escrever! Estou tão errado! Não QUERO plantar nada para ninguém! Não quero que um dia me culpem por ter escolhido um caminho para alguém... Mas é inevitável não é?
É inevitável vivermos sem provocarmos mudanças á nossa volta.
The spiral is endless...
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