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3/06/2006 

Behind The Lens no Fantasporto

Sexta-feira arrancamos para o Porto e chegamos a tempo para ver o "Hamster's Cage" apadrinhado pelo Cronenberg, que não passava de um wannabe de "Happiness" sem metade da crítica. Filme catita, sobre uma famíliazita canadiana altamente perturbada e em que cada personagem tinha o seu veio de loucura (incesto, pedofilia, etc). Interessante, mas nada de mais. Não havia uma única similiariedade com o universo Cronenbergiano, deve ter sido apenas a nacionalidade.
Seguiu-se "Hostel", desta feita apadrinhado por Tarantino. Este sim foi o filme do fim-de-semana. E quem sabe um dos melhores do Fantas 2006! Começa muito teen-movie, com gajos porreiraços, miíudas giras, fodas, saídas à noite e todo aquele espírito que fans de filmes de terror abominam por serem uns bichinhos da noite e dos quartos escuros. Anyway, o filme vai crescendo progressivamente e vai-se adensando o ambiente e as estranhezas que vão assolando as personagens. A 2ª metade do filme é altamente violenta, gráfica e original. Penso que é nesta última parte, na da originalidade da violência, que o filme ganha. As torturas às personagens são dificeis de assistir sem retrair algum músculo, mas ainda assim não se tira os olhos do écran. Tem uma edição interessante, e bastantes momentos felizes.

Sabado de manhã saimos para filmagens para o Doc. "Behind the Lens" e entrevistamos 1 responsável do Fantas, 1 projeccionista video e um de película (um velho e um nova, curiosamente), 1 realizador (Julian Richards, do The Last Horror Movie - http://www.imdb.com/title/tt0319728/) e depois vimos um filmito altamente onírico de nome "Supernova". Não sei se era o sono e a barriga cheia de francesinhas que não ajudou ou o filme que cheirava a pretenciosismo desmedido, mas não me convenceu. Tinha momentos interessantes, e o conceito de um homem que ao passar por uma situação de coma lhe abre portas para experiências de vida inaceitáveis para a família que o rodeava... Havia aquela aura e filmagem etérea (quasi-voadora) de Lynch, mas faltava o espicaçar de algo, faltava uma mais valia dramática algures.
Ainda apanhamos uns planos do grande e pequeno auditório do Rivoli, e assistimos à Confer|encia de Imprensa onde se ouviram as queixas da direcção do Fantas em relação ao desprezo dos media nacionais e entidades públicas pelo festival.
26 anos depois foi um pouco triste constatar o pânorama pouco profissional de um festival tão conceituado. Muita gente simpática e a trabalhar por amor à 7a arte, mas porra, muito poucos apoios e vivia-se na pele o espírito do "não se passa da cepa torta".
Sábado à noite fiicamos no relax no hotel, just haggin' out, e fomos beber um chá ao Majestic (supreendidos por uma menina-de-mesa absurdamente into teas, a interacção foi surreal), voltamos para o Rivoli tarde, deitamo-nos nos puffs do 3º andar, observamos a fauna e à 1h e tal fomos ver "Frostbitten" um filme suéco de vampiros muito mal engendrado e que nos levou a saír da sala meia hora depois por sono e falta de paciência.

Domingo de manhã fomos a Serralves e adorei a exposição de Ernesto de Melo e Castro! Temos pessoas geniais e que vivem no obscurantismo do "o que é internacional é que é bom". Fosgasse, o homem é MUITO inteligente, e conjuga obras multimedia com outras simplesmente teóricas e gráficas, com base num estudo aprofundado da matemática da linguagem e da comunicação visual/escrita.A componente visual das instalações tem um ar psico-alucinogénico com um feeling dos anos 60 flower-power, mas sem a burrice da erva. Poético, inspirador... E Serralves é um espaço muito simpático e com aspectos arquitectónicos mais bem pensados que um CCB.
Ainda de manhã voltamos ao Rivoli e fizemos umas entrevistas ao público do Fantas, pessoas interessantes, outras menos. Vimos o "The Other Half", que era um filme engraçadito de comédia sobre um casal recém casado que vem a Portugal passar a lua-de-mel e que o marido insiste em ver os jogos do Euro... Muito pobre. O que é que isto faz no Fantas? E ainda por cima premiado. Não se entende.
Saímos, fizemos mais umas entrevistas a público, apanhamos o senhor Valdemar Silveira que é projeccionista no Fantas desde que este existe e.... E voltamos para Lisboa.

De uma maneira geral o documentário está a ganhar contornos interessantes. Temo cerca de 4 horas e tal de material bruto deste fim-de-semana e agora segue-se um estudo aprofundado de visionamento no sentido de perceber o que interessa seguir e aprofundar e o que é para deixar de lado. O facto de estarmos a filmar com 2 câmaras "live" é muito bom pois vai dar um dinamismo porreiro e de certeza que vai resultar num documentário com uma edição dinâmica e onde se pretende que o espectador se sinta constantemente a acompanhar o ritmo das filmagens. Em "Behind the Lens" quero picar o estado, o ICAM, e o cinema velho made in portugal. Quero ouvir o "novo sangue". Uma entrevista com o Filipe Melo do "I'll See you in my Dreams" seria interessante.

Bom...O fim-de-semana foi formidável, a postura de "trabalho" as in obrigação foi transformada em interesse e redescoberta. As possibilidades mantêm-se em aberto e apesar de saber alguns dos pontos que NÃO me interessam abordar, muitos dos que interessam ainda estão por surgir. A Re tem razão ao dizer que ainda não surgiu um ponto fulcral de DIFERENÇA ou que diga algo de NOVO sobre a temática abordada, mas como contra-argumentação insisto que nem tudo o que é aparente para uns e que vive no campo do falado seja válido sem ganhar forma VISUAL e CONCRETA, e é isso que quero fazer: uma reflexão VIVA sobre as dificuldades existentes no backstage do cinema alternativo.