Mão Morta
Estiquei a pele até rasgar os tecidos fibrosos dos braços. Escorria-me água dos olhos mas não abri a palma da mão com medo de talvez não a conseguir voltar a fechar. Os músculos termiam num misto de força anormal e nervosismo exacerbado, ainda hoje tento compreender se numa situação habitual conseguiria aguentar tal força naqueles breves mas longos instantes.
Senti o suór tomar conta de cada póro da palma da mão, fazendo com que escorregasse e perdesse aderência com a outra, que estava fria e mole, talvez tivesse desistido ou estivesse apenas cansada.
Olhei confiante e aguentei, senti que conseguia suster aquele momento por mais um bocadinho, era o mais importante de tudo e se fosse a última coisa que fizesse teria de me comprometer seriamente para não me arrepender quiça noutra vida. A cabeça parecia explodir, as veias do pescoço inchavam e o braço faltava pouco para transpor o limite do humanamente saudável e dormente.
Fechei os olhos na esperança de prolongar o tempo, como se fosse uma criança que ao fechar os olhos na brincadeira deixa de ver e como tal pensa não ser vista.
No escuro senti água escorrer-me da testa pelo nariz, chegando aos lábios, mas nem abrir a boca eu podia pois iria contribuir para um desgaste adicional. O ritmo cardíaco estava agora num grau tão acelarado que deixou de ser pulsão passando apenas a uma vaga de calor que lavava o corpo dos pés às pontas dos cabelos. Deixei de ter controle físico, perdi essa virtude que outrora me gavaba.
E o escuro não era realmente negro, mas povoado por pigmentos e manchas psicadélicas multicolores que acompanhavam o ritmo dessa mesma onda infernal de calor que aos poucos roubava os sentidos arrastando-me para um abismo entre o corpo e a mente. Senti-me vibrar fora do corpo.
Não conseguia mais abrir os olhos. A noção do físico era apenas mental, sabia que estava ali mas não me sentia.
Vi a minha mão largar a outra e caír morta na cama. O barulho abafado do braço a esbater nos lençóis marcou o ponto final da existência carnal.
Transformei-me em ser deambulante conhecedor inquestionável do que me pertencia. A outra mão mexeu-se e lavou as lágrimas do rosto. Estava fria. A minha mão não mexeu. O silêncio acutilado rompeu na sala com proveniência daquela mesma mão que marcou o compasso para um novo princípio.
A outra mão termia, estava sozinha.
Senti o suór tomar conta de cada póro da palma da mão, fazendo com que escorregasse e perdesse aderência com a outra, que estava fria e mole, talvez tivesse desistido ou estivesse apenas cansada.
Olhei confiante e aguentei, senti que conseguia suster aquele momento por mais um bocadinho, era o mais importante de tudo e se fosse a última coisa que fizesse teria de me comprometer seriamente para não me arrepender quiça noutra vida. A cabeça parecia explodir, as veias do pescoço inchavam e o braço faltava pouco para transpor o limite do humanamente saudável e dormente.
Fechei os olhos na esperança de prolongar o tempo, como se fosse uma criança que ao fechar os olhos na brincadeira deixa de ver e como tal pensa não ser vista.
No escuro senti água escorrer-me da testa pelo nariz, chegando aos lábios, mas nem abrir a boca eu podia pois iria contribuir para um desgaste adicional. O ritmo cardíaco estava agora num grau tão acelarado que deixou de ser pulsão passando apenas a uma vaga de calor que lavava o corpo dos pés às pontas dos cabelos. Deixei de ter controle físico, perdi essa virtude que outrora me gavaba.
E o escuro não era realmente negro, mas povoado por pigmentos e manchas psicadélicas multicolores que acompanhavam o ritmo dessa mesma onda infernal de calor que aos poucos roubava os sentidos arrastando-me para um abismo entre o corpo e a mente. Senti-me vibrar fora do corpo.
Não conseguia mais abrir os olhos. A noção do físico era apenas mental, sabia que estava ali mas não me sentia.
Vi a minha mão largar a outra e caír morta na cama. O barulho abafado do braço a esbater nos lençóis marcou o ponto final da existência carnal.
Transformei-me em ser deambulante conhecedor inquestionável do que me pertencia. A outra mão mexeu-se e lavou as lágrimas do rosto. Estava fria. A minha mão não mexeu. O silêncio acutilado rompeu na sala com proveniência daquela mesma mão que marcou o compasso para um novo princípio.
A outra mão termia, estava sozinha.
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