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11/08/2005 

Sincronicidade: Type I Error or A Touch Of Medieval Darkness?

Têm-se passado demasiados acontecimentos que me deixam perplexo e como tal necessito de formular um principio de Sincronicidade sem qualquer reflexão pre-concebida, so here we go:
Existe uma disfunção temporal quando presenciamos uma sincronicidade no espaço onde habitamos. Como se houvesse uma ruptura que liga uma determinada alteração interna com outra externa, como se de facto se tratasse de um acontecimento paranormal ou telepático onde as mudanças interiores, derivantes de um momento de criatividade ou mudança, ganhassem forma no mundo da matéria.
Pois bem, isto pode bem ser um traço de loucura aparente, quiça a fina linha que divide socialmente o individuo da sanidade e da loucura de estar dotado de uma criação ilimitada e sem fronteiras pre-concebidas.
Diria que consideramos os génios de loucos porque eles conseguem "partir" caminho com as convenções do tempo onde habitam retratanto mensagens intemporais que como tal representam arquétipos no colectivo insconsciente que todos carregamos e com as quais nos identificamos.
Penso que atribuimos uma importância grandiosa a momentos de Sincronicidade nas nossas vidas porque não compreendemos estes momentos como a outra face da não-Sincronicidade. Passo a explicar: tal como existem estados contraditórios de loucura/sanidade, ou de normal e paranormal, o mesmo se passa com padrões de comportamento previsiveis e momentos de sincronicidade abrupta e aparentemente irracional.
Se entendemos e estebelecermos uma realidade onde criamos padrões de bem e mal, aceitando-os como tal, o mesmo seria "normal" de acontecer com actos de extravasão da realidade através de acontecimentos interligados ou casuais e outros simplesmente previsiveis.
Quando falei numa linha ténue entre ser louco e génio, é óbvio que parto do principio que na realidade esta fronteira é estabelecida meramente por regras sociais de não aceitação do que o louco tem para mostrar. Galileu, Einstein, Freud ou Nietzsche, todos senhores decisivos para conclusões cientificas e filosóficas que são bases para estudos actuais foram no seu tempo considerados loucos, porém hoje em dia relatamos o assunto com aparente normalidade. O desconhecimento cientifico e comprovado das causas de Sincronicidade levam a que se entenda a mesma de uma forma similiar, ou seja, considerando-a como um acto de loucura, ocultismo, misticismo, obra do diabo, seja o que for. É o fruto da repressão medieval a vir ao de cima actualmente? Talvez, é cedo para responder.
A verdade crua e nua é que o homem civilizado actual parece negar o facto de determinados acontecimentos e manifestações materias serem pura invenção humana e como tal não existem ou preduram no mundo interior que continua a existir invariavelmente de tudo o resto. O legado interior torna-se genético e é ininterrupto, por oposição ao legado da criação humana, e das chamadas "bengalas" que suportam a interacção com a realidade exterior.
Consequentemente, noções de espaço e tempo e devem ser abandonadas e postas em causa. O tempo não existe, o dinheiro não existe. Todas as grandes forças das quais dependemos são meramente bengalas que nos sustentam e que bem ou mal vão servindo o seu propósito agora, mas que irão ser transformadas em frustrações e que com o passar do tempo acabam por deixar de ter significado, porque são, tal como disse, meras criações sem propósito "maior" para o desenvolvimento humano.
Uma prova de que de facto existe Sincronicidade e que esta não é fruto de loucura, é que existe a sua negação a não-Sincronicidade. Logo, se a contrariedade de algo existe é por existe a aceitação da origem. Quando Nietzsche afirmou que "Deus Morreu" este não estava mais do que a derrubar fronteiras religiosas mas a aceitar a existência das mesmas para as poder derrubar e confrontar; para poder melhorar a compreensão e o legado, com todos os seus defeitos, que a religão deixou cimentada na psique humana. Quando falo deste assunto religioso recordo-me sempre da confrontação que faço a pessoas que se consideram Ateus, explicando que o verdadeiro Ataísmo no sentido literal do termo não é possível pois iria envolver um desconhecimento total e completo da existência de Deus, e o que na realidade se passa é que estas pessoas têm de aceitar Deus para o poderem negar ou não-aceitar, logo trata-se de uma crença só por si. É de facto uma não-aceitação mais do que outra coisa qualquer.
Mas existe algo de maior, que sobrevive para além das criações humanas, e essa "coisa" é a que merece ser trabalhada e conservada pois servirá de alimento para quem nos irá substituir e para a vida do homem além-corpo. As acções são mais importantes que as palavras por esta mesma razão, porque sobrevivem num plano inconsciente onde por vezes a aparência da linguagem não atingue.
A Arte é para mim a forma escolhida para viver e a qual considero a mais aparente de reconhecer e compreender nesta "coisa" maior que rege e provém o individuo de crenças e força interior. A Arte alimenta o espirito pois tem como objectivo desconstruir as noções aparentes de apreciação do real pondo em causa a percepção e interiorização do mundo em que vivemos. Se não houver um factor de confrontação pessoal e de choque é porque honestamente não se trata de uma obra de Arte mas sim de uma repetição ou algo desprovido de qualquer interacção Artística. Uma coisa é Arte, outra é entertenimento.
Mas voltando à Sincronicidade: o que é importante reter nesta temática são os sinais que interpretamos do mundo exterior como meras coincidências acredito serem reflexões directas de mudanças comportamentais (portanto exteriores) e mentais (interiores) ligadas a actos de criatividade, expansão e desenvolvimento pessoal. Por isso, há que ler a Sincronicidade como uma evolução do estágio estanque do homem civilizado dos anos 2000. A Sincronicidade é um aspecto positivo e que mais do que interpretado deve ser assumido como um passo no caminho correcto para a libertação da mente e do espírito. A Sincronicidade não é um erro espacio-temporal ou mera coincidência, é precisamente as duas coisas. Sincronicidade é abandono das ligações afectivas e padronizadas que temos com o mundo exterior, é portanto um avanço na compreensão e estudos das épocas vindouras. Abriar portas a estes acontecimentos é aceitar a consciência de que tudo está ligado e nada acontece sem um motivo de aprendizagem maior, é compreender que a aceitação da Sincronicidade é a abertura para o desbloqueio de preconceitos passados e compreensão de loucuras actuais. É compreender que somos as maiores obras de Arte vivas e que temos ao nosso poder a força de intervir e provocar mudanças e influência ao nosso redor. Abrir portas à Sincronicidade é permitir que os conhecimentos Esotéricos se fundam e reconciliem com os Científicos para assim penetrarmos num nível de realidade livre onde operam as não-diferenças e o tão desejado equilibrio e paz humana.

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